A paramentação da equipe cirúrgica exige a
realização de procedimentos específicos, executados em passos padronizados e
com observação rigorosas dos princípios científicos. Estes procedimentos são:
degermação das mãos, vestir avental e roupa esterilizados, e calçar luvas
esterilizadas.
Degermação
das mãos e antebraços
Este
procedimento se justifica por que a pele, normalmente, é habitada por duas
populações bacterianas, ou seja, a flora residente e a transitória.
a) Flora residente:
é constituída pro microrganismos capazes de sobreviverem e se multiplicarem na
superfície cutânea e folículos pilosos, sendo portanto de difícil remoção. Os
estafilococos coagulase negativa, corynebactéria (difteróides e corniformes),
acinelobactéria e outros são microrganismos comumente encontrados na flora
residente.
b) Flora transitória: também conhecida como flora de contaminação, é composta por microrganismos
diversos e de virulência variadas. Estes microrganismos nem sempre estão
presentes na superfície da pele da maioria das pessoas e são removidos mais
facilmente., algumas bactérias Gram-negativas (como, por exemplo, E. coli) têm
condições mínimas de sobrevivência sobre a pele.
A degermação das mãos e antebraços da equipe
cirúrgica deve promover a eliminação da flora transitória e redução da flora
residente e, ainda, o retardamento da recolonização da flora residente pelo
efeito residual. Sabe-se que, após a realização de tal procedimento, estes
microrganismos multiplicam-se.
Técnica de Escovação Cirúrgica das Mãos
Indicada
para preparo das mãos e antebraços antes de qualquer procedimento cirúrgico.
Soluções
antissépticas com detergentes recomendados
• Solução detergente de PVP-I a 10% (1% de iodo ativo)
• Solução detergente de clorexidina a 2% ou 4% (alternativa para pessoas
alérgicas ao PVPI).
Materiais e
equipamentos necessários
• Pias com pedal ou torneira acionada por pé ou cotovelo
• Água
• Escova esterilizada
• Solução antisséptica em dispensadores
• Toalha ou compressa esterilizada
PROCEDIMENTO:
A
remoção mecânica dos detritos pode ser realizada por escovação ou fricção:
ü as
escovas devem ser macias e descartáveis ou convenientemente esterilizadas, e de
uso individual;
ü molhar
as mãos e antebraços com água corrente. A torneira deve ser acionada por pé ou
cotovelo, e não manualmente;
ü aplicar
a solução antisséptica sobre a palma da mão, espalhar com movimentos de fricção
ou escovação, iniciando pelas extremidades dos dedos, com especial atenção
sobre os leitos subungueais e espaços interdigitais. O processo deve continuar
pelas faces das mãos e antebraços;
ü o
processo todo deve durar rigorosamente cinco minutos para a primeira cirurgia e
três minutos entre dois procedimentos;
ü enxaguar
em água corrente a partir das mãos par ao cotovelo. A torneira deve ser fechada
com o cotovelo ou por outro profissional, mas não com as mãos;
ü durante todo o processo, as mãos devem
estar sempre acima do nível dos cotovelos;
ü enxugar
com compressa esterilizada, obedecendo à direção das mãos para os cotovelos,
com movimentos compressivos e não de esfregão.
Paramentação cirúrgica e EPI
A
paramentação corresponde à troca das vestes rotineiras por vestimentas
adequadas antes do
ato cirúrgico.
Indicação:
todas as pessoas envolvidas no trabalho do centro cirúrgico, principalmente
dentro
das salas de operação, devem usar roupas apropriadas.
A
importância da paramentação é proteger a área a ser operada da flora liberada
pela equipe
cirúrgica e esta da exposição às secreções dos pacientes. A troca
de roupa (pelo pijama
cirúrgico, gorro e propés) deverá ser feita no vestiário,
que corresponde à zona de proteção do
Centro Cirúrgico, sendo seguida da
colocação do avental e das luvas estéreis após a escovação
das mãos e entrada
na sala cirúrgica, propriamente dita.
• Uniforme privativo
O
uso de uniforme privativo feito de tecido com porosidade de 7 a 10 micra e o
fechamento das
calças nos tornozelos pode reduzir a dispersão de bactérias. Tal
uniforme nunca deve ser usado
fora da área do Centro Cirúrgico.
• Aventais cirúrgicos
Os
aventais convencionais devem ser confeccionados em material resistente à
penetração de
líquidos e microrganismos e ao desgaste e à deformação. Devem
possuir uma única camada de
tecido, geralmente algodão ou brim. Os aventais
devem se confeccionados em tamanhos
adequados, garantindo o fechamento
completo, conforto e total cobertura a partir do pescoço e
membros. Na altura
dos punhos, devem possuir tramas resistentes ao desgaste. Periodicamente
devem
ser inspecionados à integridade e durabilidade. Aventais
impermeáveis descartáveis
representam outra opção.
A
colocação do avental deve ser feita de maneira cuidadosa a fim de evitar a
contaminação do
mesmo. Este deve ser segurado com ambas as mãos, as quais serão
introduzidas
simultaneamente através das mangas. A porção posterior do avental
é, então, tracionada.
• Máscara cirúrgica
O
uso correto da máscara cirúrgica evita ou reduz a eliminação de microrganismos
no ambiente
e protege o profissional contra respingos de secreções oriundas do
paciente. Apresentam vida
útil de 2 horas. Deve
ser usada por todos na sala de operação e cobrir boca e nariz e estar junto
a
face. São
preferíveis as máscaras com dupla gaze de algodão ou de polipropileno ou
poliéster.
Paramentação com roupas estéreis
As
roupas estéreis são utilizadas para prevenir a contaminação do campo operatório
mediante
contato direto do corpo do cirurgião com o do paciente. Todas as
pessoas que entram em
campo operatório, bem como aquelas que manipulam os
materiais e instrumentais estéreis
como é o caso do instrumentador cirúrgico devem usar aventais e luvas estéreis
Passo a Passo
1- Após a escovação das mãos secá-las na compressa esterelizada. Deve-se utilizar um lado da
compressa para cada antebraço.
2- Segurar o capote esterelizado pelas dobraduras da gola e deixa que o restante dele se desdobre
e fique esticado. Pela face interna introduza em um único movimento, ambas as mãos e antebraço
pelas mangas do capote.
3- O circulante da sala, pela face interna do capote, ajusta-o e o amarra na seqüencia os cadarços
da gola e da cintura.
4- Calçar as luvas cirúrgicas
Observações:
- As luvas cirúrgicas, são a únicas adequadas para os procedimentos cirúrgicos, devendo obrigatoriamente ser estéreis, idealmente devem cobrir mãos e dedos, estendendo-se por sobre os punhos dos aventais, onde ficam aderidas devido à pressão elástica do punho da própria luva.
- Gorros, máscaras, aventais, calças, jalecos e propés devem ser retirados imediatamente quando molhados ou sujos. Os aventais, os propés e as luvas cirúrgicas devem ser tirados ainda na sala cirúrgica.
LEIA:
REFERÊNCIAS
Nívea Cristina Moreira Santos-
Editora Iatria
2- Centro Cirúrgico: Planejamento, Organização e Gestão-
João Francisco Possari-
Editora Érica